terça-feira, 16 de novembro de 2021

O que acontece no cérebro de uma criança quando um adulto grita com ela?

 

Ao gritar os pais estão mostrando à criança impotência e falta de controle diante da situação. Quando os gritos fazem parte da rotina podem gerar vários riscos para o cérebro e desenvolvimento psicológico, com isso as crianças podem se tornar mais agressivas ou defensivas. Isso ocorre porque o grito faz com que o corpo libere uma grande produção de hormônios como adrenalina e corticoides com a intenção de se manter vivo, pois nesse momento o cérebro entende que a criança corre perigo, fazendo com que a criança reaja de forma agressiva ou defensiva, tudo na tentativa de se preservar. 
A criança acaba reagindo somente quando o grito vem e acaba não aprendendo nada, pois nesse momento ela não absorve a mensagem que deveria ser passada, sendo só um comando que a leva a reagir no susto.
Sabendo que o grito não traz benefícios nem aprendizado, cabe a vocês como pais buscarem novas formas de se comunicarem, cada família irá encontrar a forma mais harmoniosa de fazer dar certo. E lembrem-se sempre, vocês são exemplos, qual exemplo vocês estão sendo para seus filhos?  Eles podem não ouvir tudo aquilo que falam, mas estão sempre observando o que fazem. 

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

A linguagem corporal molda quem você é - By Amy Cuddy

Você sabia que existem posições que estimulam nossa mente, nos tornando mais poderosos para enfrentar a vida. Entender o nosso corpo é uma ferramenta muito importante para invocar a motivação na hora certa. Isso acontece, porque nosso corpo fala! A testosterona (hormônio do dominante) e o cortisol (hormônio do stress) podem se alterar de acordo com a posição em que seu corpo se encontra.

Assista agora a palestra da Dra Amy JC Cuddy



segunda-feira, 17 de abril de 2017

Sons Binaurais podem mesmo turbinar o cérebro?

Resultado de imagem para sons binaurais

Pesquisas realizadas recentemente comprovam que é possível controlar a ansiedade e melhorar a concentração através de determinados sons chamados de Binaurais. O segredo deste sons, que devem ser ouvidos sempre com fones de ouvido, é a frequência que ele atinge, afetando diretamente nossas ondas cerebrais.
O que são?
Batidas Binaurais são usadas para criar 2 ondas de freqüência distintas,  apresentadas separadamente, cada uma a um ouvido. O cérebro reage criando um terceiro tom, que é a diferença entre os dois apresentados. Isto permite ao cérebro se sintonizar diretamente à uma freqüência que, teoricamente, o ouvido não “escutaria”.
Os Sons binaurais irão te trazer:
* – Clareza mental, seu foco será tão direcionado e você poderá realmente conseguir realizar qualquer coisa que você coloque na mente com mais facilidade;
* – Seus objetivos se tornarão gradativamente mais faceis e você terá progressivamente mais animo e entusiasmo para realizar coisas cada vez maiores;
* – Seu QI e inteligência estarão em evidência subindo, seus resultados em provas e testes;
Cada frequência de som emitida tem um efeito:
10Hz 18Hz – Melhora significativamente a memória, leitura e ortografia;
40Hz – Rico em informações e processamento de tarefas de alto nível de processamento de informação;
40Hz com 18Hz – Corpo relaxado / mente focada;
Frequência 147.85Hz de Saturno – Aumenta a concentração e o processo de tornar-se consciente;
Instruções Úteis para o uso correto:
1. Deverá ser ouvido com fones de ouvido com capacidade ESTEREO (mais aconselhado) ou por um bom sistema de som também ele configurado para ESTEROFONIA.
2. Não deverá ser escutado muito alto. O suficiente para que não ocorram distrações vindas do exterior.
3. Deverá colocar-se numa posição confortável (de preferência olhos fechados) e garantir que não será perturbado.
4. A audição de batidas binaurais pode induzir a estados de perda de consciência o que pode ser perigoso a quando a condução de máquinas ou automóveis, assim que recomenda-se precaução.




sábado, 17 de dezembro de 2016

Por que crianças não obedecem ao não?


A resposta esta no córtex pré-frontal!!!

O ato de aprender não depende só do cérebro, mas da saúde em geral



Existem inúmeros fatores que influenciam durante o processo de aprendizagem, aqui vamos destacar como alguns destes fatorem podem contribuir para uma aprendizagem mais efetiva.

Exercícios físicos – aumentam a quantidade de fatores neurotróficos[1] que contribuem para estabilização das sinapses e para manutenção de memórias.



Alimentação – uma dieta balanceada, incluindo proteínas, carboidratos, gorduras, sais minerais e vitaminas, possibilita o funcionamento das células nervosas, a formação de sinapses e a formação de mielina, estrutura que participa da condução das informações entre redes neurais.



- Problemas respiratórios que perturbam o sono, anemia que reduz a oxigenação do neurônios, dificuldades auditivas e visuais não facilmente detectadas, entre outros fatores, podem dificultar a aprendizagem. 

    Há outros fatores que também influenciam na aprendizagem: - Aprendizes privados de material escolar adequado, de ambiente para estudo em casa, de acesso a livros e jornais, de incentivo ou estímulo dos pais e/ou dos professores, e pouco expostos a experiências sensoriais, perceptuais, motoras, motivacionais e emocionais essenciais ao funcionamento e reorganização do sistema nervoso, enfim tudo isso pode levar à não aprendizagem sem que apresentem alguma alteração cerebral.

                                                                                GUERRA/2011




[1] Fatores neurotróficos são polipeptídicos que através de receptores específicos agem no:
- desenvolvimento; - sobrevivência; - manutenção de neurônios.
- são essenciais para a sobrevivência do sistema nervoso central e do periférico em desenvolvimento
- a classe de fatores neurotróficos mais conhecida é a das neurotrofinas: quatro principais neurotrofinas foram isoladas de mamíferos:
- o NGF (nerve growth factor)
- o BDNF (brain-derived neurotrophic factor)
- a neurotrofina 3 (NT-3)
- a neurotrofina 4/5 (N 4,5)
                                           Copray et al., 2000

Vias neurais e aprendizagem




O cérebro é composto de células chamadas neurônios que apresentam terminações nervosas: as sinapses e os dendritos. Essas terminações nervosas liberam estímulos químicos e elétricos que se comunicam uns com os outros. Esta comunicação constitui caminhos neurais no cérebro e é a base para o funcionamento do mesmo. 
      Quando aprendemos algo, “o caminho é fraco”. Por exemplo,  se aprendemos um conteúdo novo, ele somente será “consolidado” em nosso cérebro na medida em que o usarmos habitualmente, criando assim vias neurais que serão os caminhos bastante utilizados.
     Pense em quando você aprendeu a andar de bicicleta. Tinha que treinar a atenção para ficar equilibrado, além de manter os olhos na estrada, segurar o guidão e visualizar a direção desejada. Com a prática, suas vias neurais automatizam estes mecanismos a ponto de conseguir executá-los sem a necessidade de fixar sua atenção em cada passo a ser realizado. Então, quanto mais você pratica, mais fortalece os caminhos do cérebro proporcionando sentimentos de confiança e certeza na sua experiência com a bicicleta. Sendo assim, nas próximas vezes que você executa tal atividade, a fará sem pensar, ou seja, estará operando em automático.
      Pensando nesta perspectiva, poderíamos dizer que: quanto mais utilizarmos pensamentos saudáveis e positivos, mais reforçamos nossas vias neurais destes padrões de pensamentos. Bem como, se a pessoas se mostram inúmeras vezes irritada, impaciente será estas as vias neurais que mais estão sendo estimuladas.

         "Como um único passo não vai fazer um caminho sobre a Terra, um único pensamento não vai fazer uma caminho na mente. Para fazer um caminho físico profundo, caminhamos novamente e novamente. Para fazer um vínculo mental profundo, devemos pensar mais e mais o tipo de pensamentos que desejamos dominar nas nossas vidas. " Thoreau

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Memória e Aprendizagem


Memória são todos os fatos, eventos, emoções e desempenhos que recordamos, sendo alguns por curtos períodos, outros para toda vida. Apesar de vivenciarmos situações juntamente com demais indivíduos que nos cerca, nossas memórias serão diferentes, pois cada um possui sua individualidade.
Nosso cérebro dispõe de múltiplos sistemas de memória, com diferentes características e envolvendo diferentes redes neuronais. Através de estudos neurocientíficos descobriu-se que a formação de novas memórias depende da plasticidade sináptica, entretanto falta ainda aprofundar de que forma realmente estes mecanismos neuronais se fazem presentes na recordação.
Izquierdo (2011) em seus estudos voltados à memória refere-se a ela como,
Aquisição, formação, conservação e evocação de informações. A aquisição é também chamada de aprendizado ou aprendizagem: só “grava” aquilo que foi aprendido. A evocação é também chamada de recordação, lembrança, recuperação. Só lembramosaquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido.[...] O acervo de nossas memórias faz com que cada um de nós seja o que é: um indivíduo, um ser para o qual não existe outro idêntico. (IZQUIERDO, 2011, p. 11)

   Casos de falhas de memória são frequentes, mas na maioria das vezes são relapsos, contudo com o avançar da idade a falta de estimulação adequada e/ou surgimento de doenças neurológicas fazem com que a memória se torne mais debilitada.


 Não existe nenhuma área cerebral individual dedicada a armazenar toda a informação que aprendemos. A memória de trabalho (presente na memória de curta duração) armazena no cérebro informação consciente por um curto período de tempo. O armazenamento passivo de maior  quantidade de informação é designado memória de longa  duração.

Tipos de memória


1.   Memória Declarativa
A memória declarativa (também chamada explícita) armazena e evoca informação de fatos e de dados levados ao nosso conhecimento através dos sentidos e de processos internos do cérebro, como associação de dados, dedução e criação de ideias. Esse tipo de memória é levado ao nível consciente através de proposições verbais, imagens, sons etc.
è Episódica-  A memória declarativa inclui a memória de fatos vivenciados pela pessoa (memória episódica)
    è Semântica - De informações adquiridas pela transmissão do saber de forma escrita, visual e sonora (memória semântica).

2.   Memória Não- declarativa (implícita)

èProcedural ou de procedimentos- A memória de procedimento armazena dados relacionados à aquisição de habilidades mediante a repetição de uma atividade que segue sempre o mesmo padrão. Nela se incluem todas as habilidades motoras, sensitivas e intelectuais, bem como toda forma de condicionamento. A capacidade assim adquirida não depende da consciência. Somos capazes de executar tarefas, por vezes complexas, com nosso pensamento voltado para algo completamente diferente. Por exemplo, aprender a andar de bicicleta ou tocar um instrumento musical é um conhecimento de procedimento que depende do aprendizado de habilidades motoras especificas e normalmente requerem múltiplas repetições.
èPriming - Considera-se que a memória pode ser evocada por meio de "dicas" (fragmentos de uma imagem, a primeira palavra de uma poesia, certos gestos, odores ou sons).
èAssociativa- Empregamos a memória associativa, por exemplo, quando começamos a salivar pelo simples fato de olhar para um alimento apetitoso, por termos, em algum momento de nossa vida associado seu aspecto ou cheiro à alimentação.
è Não-associativa- Por outro lado, usamos a memória não associativa quando, sem nos darmos conta, aprendemos que um estímulo repetitivo, por exemplo, o latido de um cãozinho, não traz riscos, o que nos faz relaxar e ignorá-lo.

    Lembramos que também existem as falsas memórias...
FALSAS MEMÓRIAS - por vezes nosso cérebro estabelece memórias que são falsas na sua origem, normalmente porque um evento é interpretado de maneira errada.
Memória que se imaginou (esperou ver) e não do que de fato esteve (algo parecido e confundido);
Também podem ser criadas durante o que parece ser uma recordação (pessoa está convencida que algo aconteceu, pode reformular o evento a partir de esboços de outras memórias e então vivenciá-la como se fosse uma recordação “real”).



   No campo educativo, voltado às descobertas da Neurociência, Sprenger (2008) cita 7 passos essenciais para o ensino da memória, tornando a aprendizagem mais significativa, segunda a autora “A memória é um processo que requer repetição, e é a memória que proporciona o nosso retorno no tempo”.

Imagem extraída do livro: Memória de Marilee Sprenger


DIFICULDADES NA MEMÓRIA


Assim como existem crianças que tem dificuldades para responder ou perceber adequadamente os estímulos, existem outras que tem dificuldade para guardá-los na memória de trabalho e depois utilizar a informação. Nas estratégias utilizadas é importante considerar:

Além disso, ressaltamos disso ressaltamos as atividades propostas no quadro abaixo, procurando desenvolver a qualidade da memória e melhorar a retenção...


Também, dentro da perspectiva das propostas de GÓMEZ & TERÁN, apresentadas nos quadros anteriores, enfatizamos algumas atividades que desenvolvem a Memória Visual...

ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR A QUALIDADE DA MEMÓRIA VISUAL

•        Apresentar às crianças objetos de uso comum, por exemplo, um carro, uma xícara, um lápis, etc. São apresentados a ela os objetos e pede-se a ela que abra os olhos, em seguida feche os olhos. Escondem-se os objetos, pede-se a ela que abra os olhos e os nomeie. Isto pode complicar-se progressivamente com um maior número de objetos com a idade da criança.

•        Utilizar fotos ou ilustrações de objetos familiares começando com duas ilustrações e chegando até cinco. Pede-se a ela que nomeie os objetos da esquerda para a direita, retiram-se as ilustrações e pede-se à criança que nomeie na mesma ordem.

•        O mesmo exercício anterior, porém somente apresentando as ilustrações em separado sem nomeá-las. Pede-se à criança que as memorize e ao final nomeie os objetos apresentados.

•        Apresenta-se á criança uma série de cartões com linhas verticais coloridas. A progressão cresce com um número maior de linhas verticais e de cores utilizadas. Pede-se a ela que reproduza a sequência com palitos coloridos ou de forma gráfica com as cores correspondentes. É importante mencionar que deve ter atenção à sequência correta das cores.

•        Colocar cinco objetos em fila sobre a mesa do professor. Pode-se aos alunos que retenham a ordem na qual estão posicionados os objetos. Ao entrar, a criança que estava fora tem que adivinhar qual objeto foi mudado de lugar. É importante ter em conta a idade para a quantidade de objetos que são colocados.

•        Apresentar, durante um determinado tempo, ilustrações geométricas e pedir à criança que reproduza cada cartão.

•        Apresentar ilustrações com letras. Pede-se que depois as reproduza no papel. A quantidade de letras pode ir aumentando de acordo com a idade.

•        Apresentar uma figura durante uns segundos. Mostrar a seguir uma ilustração onde a figura está representada junto a outras de categoria mais ou menos próxima. Pedir que identifique a figura observada. Podem ser utilizadas figuras geométricas, números, letras, sinais de trânsito, notas musicais, etc. A complexidade do exercício varia de acordo com as figuras utilizadas para identificação, a similaridade com outras figuras da ilustração e o tempo de exposição.

•        Pedir-lhe que desenhem ou escrevam de memória os objetos da sala de aula, o que observaram no caminho de uma sala até outra, no caminho de casa, etc.

•        Sete alunos colocam-se em frente à classe. Pede-se ao restante do grupo que os observem e memorizem seus colegas: seu penteado, como estão vestidos, etc. Depois de um minuto de observação o grupo de crianças saem da sala e mudam entre elas seus sapatos, relógios, penteados, bonés, jaquetas, etc. Em seguida voltam a entrar na sala e pede-se ao grupo que digam as mudanças que ocorreram.


 Referências Bibliográficas:

ABREU, Neander; MATTOS, Paulo. Memória. In: MALLOY-DINIZ, Leandro F. AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA. Porto Alegre: Artmed, 2010.

ERNÉ, Silvio A. O exame do estado mental do paciente. In: CUNHA, Jurema Alcides. PSICODIAGNÓSTICO V. Porto Alegre: Artmed, 2000.


GÓMEZ, Ana Maria S.; TERÁN, Nora Espinosa. Dificuldades de aprendizagem: detecção e estratégias de ajuda. EQUIPE CULTURAL (trad.). Brasil: Cultural, S.A.


IZQUIERDO, Iván. Memória. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.

MARSHALL, Jessica. Esquecer para lembrar. Mente e cérebro.  São Paulo: Duetto, ano XV, nº 183, abril, 2008.

PINTO, Graziela Costa. O livro do cérebro 3: memória, pensamento e consciência. São Paulo: Duetto, 2009.

PINTO, Graziela Costa. O livro do cérebro 4: envelhecimento e disfunções. São Paulo: Duetto, 2009.

SPRENGER, Marilee. Memória: Como ensinar para o aluno lembrar. São Paulo: Penso, 2008.


Por Seilla Carvalho e Ana Lúcia Hennemann

Mistérios do Cérebro - Somos aquilo que recordamos e também... o que esquecemos!


O neurocientista Iván Izquierdo, ganhador do Prêmio Almirante Álvaro Alberto do CNPq, afirma que excesso de informações e ruídos da nossa sociedade vem afetando a saúde mental.

     Por quê precisamos inibir ou esquecer certas lembranças para poder viver bem? Nossa capacidade de armazenar memórias é saturável ou não? E por quê muitas vezes temos dificuldade de lembrar coisas consideradas importantes, mas memorizamos com certa facilidade piadas, banalidades e músicas que nem gostaríamos de lembrar? Decidido a desvendar estes e outros tantos mistérios da biologia da memória, o neurologista Iván Izquierdo, reconhecido como um dos maiores pesquisadores do mundo nesta área, vem desenvolvendo há mais de 45 anos, estudos científicos com o intuito de entender como funcionam os mecanismos deste complexo labirinto da memória.

Resultado de imagem para memória     Sabe-se que a memória é uma intrigante faculdade mental que nos permite registrar, armazenar e manipular as informações obtidas através de experiências vividas. Geralmente esta nos remete ao "passado", pois tudo que faz parte da memória já ocorreu, porém a memória também compõe o nosso presente, pois é com esta capacidade que interagimos com o mundo e com os outros. Sem esta função nós não iríamos identificar nada, ou melhor, não teríamos sequer noção de identidade, já que para saber o que somos é preciso saber o que fomos.


Esquecer para viver

    Para o especialista Iván Antônio Izquierdo, coordenador do Centro de Pesquisas da Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a memória é tão imprescindível ao homem quanto o esquecimento de certos dados, fatos ou acontecimentos. Em seu livro "A Arte de Esquecer", o pesquisador pontua ser necessário "apagar" algumas lembranças para nosso bem estar.

    "De fato, é preciso esquecer, ou pelo menos manter longe da evocação certas lembranças que nos perturbam, como aquelas de medos, humilhações, desencantos amorosos e outros maus momentos. Já pensou se nos lembrássemos de todos os nossos fracassos? Passaríamos metade da vida nos remoendo. Para nossa paz de espírito, por meio de um mecanismo de autoproteção, o cérebro simplesmente inibe determinadas memórias, um fenômeno que os psicanalistas chamam de repressão. E isso ocorre o tempo todo, mesmo sem percebermos", afirma.

   O cérebro humano, apesar de ser fantástico processa e armazena informações de forma limitada. Para reter novos dados a mente precisa de intervalos de descanso e também deixar de lado memórias supérfluas. Seria incrível caso nos lembrássemos de cada palavra, som, gesto, imagem, cheiro ou cada sensação que passa ao longo das nossas vidas, porém nosso cérebro não consegue armazenar tantos dados assim.

    Para Izquierdo, a arte de esquecer é um dos fenômenos mais importantes da memória, já que possibilita a mente abrir novas janelas para abarcar mais informações. "Se nos lembrássemos de tudo, não teríamos como lembrar ou aprender coisas novas, já que existem memórias que nos impedem de adquirir outras novas ou lembrar de outras antigas, mais importantes, por isso é preciso que a mente elimine lembranças consideradas desnecessárias ou reprimir algumas delas", afirma.

Resultado de imagem para pessoas dormindo sonhando     O pesquisador pontua ainda a importância dos intervalos de descanso da mente para recompor a capacidade de absorção do conhecimento. "Sabe-se que o ser humano apresenta oscilações em sua capacidade de atenção, cujas ondas duram aproximadamente noventa minutos. Logo após absorver um certo número de informações consecutivas, dependendo da densidade, precisamos de um descanso para metabolizar tais dados", ressalta.

Emoção e suas marcas

   Todo mundo se lembra do que estava fazendo quando morreu Ayrton Senna, mas porque será que ninguém se lembra do que fazia algumas horas antes do ocorrido? Provavelmente as pessoas se recordam do momento porque se emocionaram com o infeliz fato, mas não se lembram do que fizeram horas antes da morte, pois estas lembranças não tocaram seus sentimentos. O neurocientista explica que isto ocorre, pois a memória fixa muito melhor emoções do que fatos, já que as vias nervosas são extraordinariamente reguladas por emoções e sentimentos.

    "A emoção é acompanhada pela descarga de dopamina e de noradrenalina em certos lugares do cérebro, que se incorporam na memória. Então, toda a vez que, por algum motivo, essas substâncias forem liberadas e se mantiverem no cérebro, a tendência é lembrar de coisas que apreendemos sob a influência delas". Segundo ele, é por este motivo que memorizamos com maior facilidade assuntos que gostamos, recordações que mexem com as nossas emoções, ou mesmo besteiras que nos chocam. "Uma besteira apreendida sob emoção será melhor lembrada que uma genialidade apreendida com indiferença", declara Izquierdo.

Mundo esquizofrênico

  Por mais que a memória humana seja muito ampla e resistente, o especialista afirma que a nossa memória atualmente trabalha no limite, principalmente por causa do excesso de informações e ruídos da nossa sociedade. "Há 90 anos, o fundador da Neurociência moderna, Santiago Ramon y Cajal já se queixava que o excesso de estímulos e de informação tornava a vida difícil e em pouco tempo a tornariam impossível, pelas rádios a galena, os carros, os ônibus e seu barulho, etc. Noventa anos se passaram e hoje estamos vivendo no meio da balbúrdia generalizada, somos bombardeados por informações, vindas da televisão, dos aviões, computadores, ipod, ipad e outras coisas mil. Até agora não chegamos ao limite do que nossa memória de trabalho pode suportar, porém já percebemos que todo este ruído vem afetando e muito nossa saúde mental", diz.

Resultado de imagem para livro silencio por favor    Em seu livro "Silêncio, por Favor", Izquierdo defende a necessidade de escapar muitas vezes deste ambiente cheio de ruídos para conseguir pensar e articular-se com profundidade. "O ruído não é só auditivo, é visual, linguístico e multisensorial. O ruído não nos deixa distinguir os sinais que realmente nos interessam e por isso nos incomoda. Afirmo que não são os estímulos em si que nos perturbam, pois os humanos estão ai para receber, analisar, filtrar e guardar informações, o problema é que estamos construindo um mundo no qual o principal hoje é o ruído e não os sinais".


   Para ele, as pessoas vêm absorvendo desenfreadamente tantos códigos, valores, ícones e imagens que acabam por não conseguir pensar com profundidade em quase nada, o que atrapalha paralelamente a memorização, a percepção e a sensibilidade. Nesse sentido, Izquierdo afirma que é preciso selecionar os sinais em meio a tantos ruídos, que só poluem nossa mente. "Temos que discriminar informação de ruído, separar o joio do trigo, tanto para evitarmos absorver coisas que não valem a pena ser evocadas, saturando o cérebro de mediocridades, como também obtermos mais qualidade de vida, já que teremos mais tempo para fazer o que realmente importa, como, por exemplo, amar, pensar, ser nós mesmos", finaliza.

    Autor de 11 obras e mais de 600 artigos científicos sobre a biologia da memória, Izquierdo foi agraciado este ano com a mais importante honraria em ciência e tecnologia do Brasil, o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia. Médico e pesquisador argentino, Izquierdo obteve nacionalidade brasileira em 1981, e fez grandes descobertas, como os principais mecanismos moleculares da formação, evocação, persistência e extinção das memórias, a dependência de estado endógena, a separação funcional entre as memórias de curta duração e longa duração.

Fonte: Ana Lúcia Hennemann 

50 FATOS SOBRE O CÉREBRO - NEUROCIÊNCIA PARA PROFESSORES: O QUE VOCÊ DEVE SABER!


O cérebro é provavelmente o órgão mais fascinante do corpo humano. Ele controla tudo: da respiração até nossas emoções e inclusive nosso aprendizado. Se você é professor, conhecimentos básicos de neurociência são essenciais para seu trabalho, já que seu objetivo é proporcionar aprendizagem a seus alunos e, de preferência, da forma mais otimizada possível.
A seguir estão alguns conceitos, dicas e curiosidades que serão extremamente úteis na hora de planejar suas aulas, ou mesmo durante seus próprios estudos (e nesse aspecto esse texto será útil para qualquer pessoa). Você saberá, ao final, desde como o cérebro controla o aprendizado até fatos curiosos sobre a memória. Tudo muito interessante, inclusive para compartilhar com seus amigos e/ou alunos.

DESENVOLVIMENTO CEREBRAL E APRENDIZAGEM

Aqui vamos aprender fatos interessantes sobre como o cérebro se desenvolve, o que afeta esse desenvolvimento e qual é o impacto na aprendizagem.
  1. Leitura em voz alta: Pais e professores que leem em voz alta e falam frequentemente com suas crianças estão contribuindo para o desenvolvimento cerebral delas.
  2. Bilinguismo: Crianças que aprendem dois idiomas antes dos cinco anos têm estruturas cerebrais diferentes das que aprendem apenas uma língua. Evidentemente, o bilinguismo acontece com crianças que convivem com pessoas que falam duas línguas. Nada de cursinhos para bebês, ainda ;-)
  3. Abuso infantil: Estudos revelam que o abuso infantil muda a forma como o cérebro se desenvolve e afeta negativamente o aprendizado.
  4. Novos neurônios: Durante a vida, constante atividade mental faz com que novos neurônios sejam produzidos no cérebro.
  5. Lateralidade: Pessoas canhotas ou ambidestras possuem o corpo caloso cerca de 11% maior que aquelas que trabalham apenas com a mão direita.
  6. Crescimento do cérebro: O cérebro humano cresce até a idade de 18 anos.
  7. Ambiente estimulante: Se uma criança é criada num ambiente estimulante, ela terá 25% a mais de capacidade de aprendizagem. O contrário também é verdadeiro, se o ambiente lhe passar poucos estímulos, será 25% menos capaz.
  8. Criativos x Metódicos: Cientistas demonstraram que cérebros que pensam de forma criativa funcionam de forma diferente daqueles cujo pensamento é mais metódico.
  9. Alimentação e inteligência: Um estudo com estudantes de Nova Iorque mostrou que aqueles cujas refeições não incluem sabores artificiais, corantes e conservantes tiveram o desempenho 14% melhor em testes de QI do que os que comem alimentos com esses aditivos.
  10. Tédio: Humanos têm curiosidade inata, mas quando há falhas nos estímulos, o tédio toma conta.
  11. Aprendendo coisas novas: Um estudo mostrou que quando as pessoas estão aprendendo coisas novas, seus cérebros se modificam rapidamente. Por exemplo, pessoas aprendendo a fazer malabarismo mostraram mudanças cerebrais em 7 dias.
  12. Música. Crianças que têm aulas de música mostram um considerável aumento em sua capacidade de aprendizagem.
  13. Leitura facial: A área do cérebro chamada amígdala cerebelosa é responsável por nossa habilidade de identificar os sentimentos de alguém através de sua expressão facial.

MEMÓRIA

Aqui você aprenderá as diferenças entre memória de curto e longo prazo, como o olfato afeta nossa memória, e mais.
  1. Diferentes tipos de memória: A habilidade de aprender e lembrar de coisas novas chama-se memória declarativa e é processada numa parte do cérebro diferente daquela onde ficam armazenadas informações do tipo “como fazer tal coisa”.
  2. Olfato e memória: O cheiro é um poderoso mecanismo de ativação da memória. Um estudo demonstrou que a memória, quando relacionada a um cheiro, pode ser resgatada mais facilmente
  3. Novas conexões: Cada vez que uma lembrança é recuperada ou um novo pensamento ocorre, uma nova conexão é criada no cérebro.
  4. Crie associações: A memória é formada por associações. Por isso, para desenvolver a memória de alunos, trabalhe com métodos mnemônicos.
  5. Sono: O cérebro usa o período de descanso para consolidar memórias.
  6. Falta de sono: Dormir pouco diminui sua habilidade para constituir novas memórias.
  7. Memória de curto prazo: Estudos sugerem que a memória de curto prazo é o resultado de impulsos cerebrais químicos e elétricos — mudanças diferentes daquelas associadas à memória de longo prazo, que são mais de nível estrutural.

CURIOSIDADES SOBRE O CÉREBRO

De como o cérebro nos ajuda a piscar até as cirurgias cerebrais na antiguidade. Essa lista de curiosidades vai ajudar você na próxima vez que precisar falar sobre o cérebro.
  1. Piscar: A cada vez que piscamos (cerca de 20 mil vezes por dia), nosso cérebro mantém as coisas iluminadas, de forma que o mundo não se apaga a cada piscada.
  2. Gargalhar: Uma tarefa tão simples quanto gargalhar é, na verdade, um processo complexo que requer atividade em cinco diferentes áreas do cérebro.
  3. Objetivo do bocejo: Você já deve ter reparado que quando uma pessoa boceja, as que estão próximas acabam fazendo o mesmo. Cientistas acreditam que o bocejo pode ter sido um antigo comportamento social que sinalizava algum evento no qual a resposta dos demais se dava através de um bocejo. Por isso, hoje em dia nós continuamos a “dar a resposta”, mesmo que não haja necessidade de uma.
  4. Banco de Cérebros: A Universidade de Harvard mantém um  banco de cérebros no qual mais de 7.000 cérebros humanos estão armazenados para propósitos de pesquisa.
  5. Disney e desordens do sono: Os criadores da Disney usaram desordens do sono como ronco, pesadelos e sonambulismo em vários dos personagens de seus desenhos.
  6. Pensamentos: Acredita-se que humanos experenciam cerca de 70 mil pensamentos por dia.
  7. Aristóteles: O filósofo grego pensava que as funções do cérebro eram realizadas pelo coração.
  8. Espaço sideral: A falta de gravidade no espaço afeta o cérebro de várias formas. Cientistas estão estudando como e por quê, mas talvez você queira adiar sua próxima viagem à Lua.
  9. Shakespeare: A palavra cérebro aparece 66 vezes nas peças o dramaturgo inglês.
  10. Neurocirurgias: Arqueólogos encontraram evidências de que cirurgias cerebrais primitivas já eram realizadas por volta do ano 2000 a.C. através de uma abertura no crânio feita no paciente.
  11. Amigos imaginários: Um um estudo psicológico na Austrália mostrou que crianças entre 3 e 9 anos que têm amigos imaginários tendem a ser primogênitos.
  12. Oxytocina e autismo: Oxytocina é um hormônio responsável por promover a interação social e pode ajudar crianças com autismo a aumentar suas habilidades de socialização e de autoconfiança.

O CÉREBRO FISICAMENTE

Afinal, do que nosso cérebro é feito? Aqui vamos desmistificar alguns fatos do senso comum e embasá-lo cientificamente sobre a constituição de nosso principal órgão.
  1. Água: A constituição de nosso cérebro é de cerca de 75% de água.
  2. Mito dos 10%: Se você já ouviu falar que seres humanos usam apenas 10% das capacidades de seu cérebro, saiba que esse é  apenas um mito. Cientistas já são capazes de atribuir função para qualquer parte do cérebro.
  3. Peso: O cérebro humano pesa cerca de  1kg e 300 gramas.
  4. Não há dor: Não existem receptores de dor no cérebro, portanto é impossível ter dor de cérebro.
  5. Telencéfalo: Também chamado de cerebrum, constitui a maior parte do cérebro, pesando cerca de 85% do total.
  6. Branco e cinza: O cérebro humano é formado por 60% matéria branca e 40% matéria cinza (daí a expressão “massa cinzenta”).
  7. Neurônios: Cerca de 100 bilhões de neurônios formam o cérebro humano.
  8. Sinapses: Para cada um dos neurônios, há de 1.000 a 10.000 sinapses.
  9. Córtex cerebral: Quanto mais é usado, mais largo fica o córtex cerebral.
  10. Bocejo: Acredita-se que bocejar é uma forma de enviar mais oxigênio para o cérebro, servindo, portanto, para resfriá-lo e estimulá-lo.

CÉREBROS FABULOSOS

Alguns exemplos de pessoas fabulosas e seus cérebros.
  1. Daniel Tammet é um autista com Síndrome de Savant com extraordinária capacidade de realizar cálculos, conhece sete idiomas, e está desenvolvendo uma linguagem própria.
  2. Albert Einstein: O cérebro de  Einstein era similar em tamanho aos cérebros de pessoas comuns, exceto na região responsável por cálculos matemáticos e percepção espacial, que era 35% maior que a média.
  3. Keith Jarrett é uma estrela do jazz que, aos 3 anos de idade, foi identificado como possuidor de ouvido absoluto. Os cientistas associaram essa capacidade à região do lobo frontal direito do cérebro.
  4. Taxistas de Londres: Famosos por conhecerem todas as ruas de memória, esses taxistas possuem um hipocampo maior que o normal, especialmente aqueles que estão no trabalho a mais tempo. Isso sugere que quanto mais memorizamos informações, maior fica nosso hipocampo.
  5. Vladimir Ilyich Lenin: Após sua morte, o cérebro de Lenin foi estudado e descobriu-se que era anormalmente largo, contendo numerosos neurônios em uma região em particular. Alguns acreditam que essa estrutura cerebral possa explicar sua famosa inteligência.
  6. O cérebro mais antigo: Na Universidade de York, no norte da Inglaterra, um cérebro que acredita-se ter cerca de  2000 anos foi desenterrado.
  7. Ben Pridmore, o campeão mundial de memorização, memorizou 96 eventos históricos em 5 minutos e a ordem de um baralho de cartas embaralhado em 26,28 segundos.
  8. Henry Molaison: Por décadas conhecido apenas como “HM,” Molaison foi submetido a uma cirurgia em 1953 e nunca mais pode formar novas memórias. Ele se tornou o paciente mais estudado pelos neurocientistas. Molaison morreu pouco mais de um ano atrás e doou seu cérebro para a ciência. Atualmente, ele está sendo alvo de muitos estudos.
Fonte: 50 Brain Facts Every Educator Should Know, de Pamelia Brown.

Aprendizagens e Mudanças no Cérebro


Cardoso e Sabbatini

     Até há pouco tempo, os neurocientistas acreditavam que, uma vez completado seu desenvolvimento, o cérebro era incapaz de mudar,  particularmente em relação às células nervosas, ou neurônios. Aceitava-se o dogma segundo o qual os neurônios não podiam se auto-reproduzir ou sofrer mudanças significativas quanto às suas estruturas de conexão com os outros neurônios. As conseqüências práticas dessas crenças implicavam em que: a) as partes lesionadas do cérebro, tais como aquelas apresentadas por vítimas de tumores ou derrames, eram incapazes de crescer novamente e recuperar, pelo menos parcialmente, suas funções e b) a experiência e o aprendizado podem alterar a funcionalidade do cérebro, porém não sua anatomia.
         Parece que os neurocientistas estavam errados em ambos os casos. As pesquisas dos últimos 10 anos têm revelado um quadro inteiramente diferente. Em resposta aos jogos, estimulações e experiências, o cérebro exibe o crescimento de conexões neuronais. Embora  os  pioneiros da pesquisa em comportamento biológico, tais como Donald Hebb, do Canada e Jersy Konorski, da Polônia, acreditassem que a memória implicava em mudanças estruturais nos circuitos neurais, ainda não se dispunha de evidências experimentais que comprovassem essa noção.
           Em experiências realizadas com ratos, a neuroanatomista americana Dr. Marian Diamond foi capaz de demonstrar que os animais que foram criados em um ambiente enriquecedor -- uma gaiola cheia de brinquedos e dispositivos tais como bolas, rodas, escadas, rampas, etc. -- desenvolviam um córtex cerebral significativamente mais espesso do que aqueles criados em um ambiente mais limitado, sem os brinquedos ou vivendo isolados.  O aumento da espessura do córtex não era devido apenas a um maior número de células nervosas, mas  havia também um aumento expressivo de ramificação de seus dentritos e das interconexões com outras células.





Ambiente pobre em objetos





Um ambiente enriquecedor, que permite os ratos interagir com os brinquedos em suas gaiolas, provoca mudanças anatômicas no córtex cerebral. 

         O gráfico à esquerda mostra como o número médio de ramificações observadas nas células estelares, que são encontradas na quarta camada do córtex visual do rato, é maior  nos animais criados em ambientes enriquecedores (reta identificada como EC, isto é, condição enriquecedora) do que nos animais criados juntos em grupos sociais, (identificados como SC, ou condição de grupo social), porém desprovidos de brinquedos. Por sua vez, os ratos SC apresentam um número maior de ramificações nas células estelares do que os animais criados isolados e sem brinquedos (IC, ou grupo de condição de isolamento). Uma diferença ainda maior pode ser vista nas ramificações de quarto e quinto nível. Em outras palavras: as ramificações originadas do corpo da célula não aumentam devido a uma experiência sensorial, motora ou social mais rica; o inverso é verdadeiro para as ramificações no ponto dos longos processos neuronais.  Isso constitui uma evidência de que as células estelares crescem e geram novas ramificações naquelas pré-existentes, e isso é um resultado revolucionário.
           As partes das células estelares que crescem são os dendritos. É através dos dendritos que um neurônio recebe os impulsos nervosos de outras células, que são transmitidos através do corpo celular e a partir daí para o axônio. Consequentemente, o crescimento das ramificações dos dendritos só pode significar que os processos de intercomunicação nas células do córtex aumentaram e que mais dendritos tornam-os mais efetivos em termos de regulação da atividade dos circuitos neuronais.
            Esse crescimento acontece também nos seres humanos?
           Parece que sim,  embora ainda não existam evidências diretas, tais como as observadas por Diamond em ratos. Porém, sabemos que as tarefas de ativação mental são acompanhadas por muitas mudanças, tais como mudanças no metabolismo cerebral (consumo de glucose por células cerebrais, aumento do fluxo e temperatura do sangue etc.  Essas mudanças podem agora ser observadas diretamente através de novos instrumentos de imagens computadorizadas, como por exemplo as imagens por ressonância magnética funcional (fMRI) e a tomografia de emissão de pósitron (PET).





Fluxo Sanguíneo Cerebral (CBF) durante uma tarefa de ativação mental. O sujeito controle normal, linha de base (esquerda) e tarefa matemática (direita). Nesse indivíduo, o aumento da perfusão durante as tarefas matemáticas é visível tanto na área frontal  inferior e parietal  esquerda. 
Fonte: Villanueva-Meyer et. cols. - Alasbimn Journal

            A conseqüência prática do conhecimento de que as células nervosas crescem e se modificam em resposta às experiências e aprendizagem enriquecedoras é extraordinária:
                A educação de crianças em um ambiente sensorialmente enriquecedor desde a mais tenra idade pode ter um impacto sobre suas capacidades cognitivas e de memória futuras.  A presença de cor, música, sensações (tais com a massagem do bebê), variedade de interação com colegas e parentes das mais variadas idades, exercícios corporais e mentais podem ser benéficos (desde que não sejam excessivos).   Na verdade, existem muitos estudos mostrando que essa "estimulação precoce" é verdadeira.  Ainda precisamos provar se isso provoca um crescimento no cérebro das crianças, como acontece com os ratos;
             Pessoas que sofreram lesões em partes de seus cérebro, podem recuperar parcialmente as funções perdidas submetendo-se a estimulação mental intensa e diversificada, de maneira análoga à fisioterapia para os músculos debilitados;
       Alimentos ou drogas artificiais que aumentem a ramificação dos dendritos,  o crescimento dos neurônios e seu aumento de volume podem ajudar na melhora do desempenho mental e memória nas pessoas normais ou em pacientes com doenças degenerativas do cérebro, tais como Alzheimer.
          Na verdade, um estudo pioneiro realizado por Dr. David Snowdon um neurocientista da University of Kentucky com freiras católicas vivendo em um convento no norte dos Estados Unidos, revelou fatos assombrosos que apoiam a teoria da estimulação cerebral. Essas freiras foram escolhidas porque parecem apresentar uma longevidade maior que o resto da população: várias delas já haviam atingido mais de cem anos de idade.  As freiras que viveram mais e que mostravam uma melhor saúde mental eram quase sempre aquelas que praticavam atividades tais como pintura, ensino e palavras cruzadas, que exigiam um constante "exercício mental".
          De fato, Dr. David Snowdon surpreendeu-se ao observar nos exames post-mortem dos cérebros doados pelas freiras falecidas, que alguns que estavam com melhores condições mentais devida a essa rica estimulação, apresentavam todos os sinais da insidiosa doença de Alzheimer. Essa doença degenerativa nervosa, altamente incapacitante, aparece em cerca de 20% de todas as pessoas com mais de 80 anos de idade, e se caracteriza por inúmeras alterações patológicas dos neurônios, e pela morte maciça de células, especialmente as células corticais. Isso provoca profunda perda de memória, e outros tipos de deterioração do comportamento e da personalidade.



Conclusões

         O crescimento neuronal e a regeneração enquanto resposta a fatores ambientais já não parecem impossível, devido ao que a neurociência já tem revelado em experiências com animais e seres humanos.  Este conhecimento, de par com a descoberta dos mecanismos que tornam isso possível constituirá um portão para um futuro fantástico para a humanidade; um futuro onde talvez possamos manipular e influenciar nossas próprias capacidades mentais de um modo inteiramente imprevisível. Isso tem constituído o sonho duradouro tanto da ciência como da ficção científica e talvez estejamos situados no limiar de sua realização.

Fonte: http://www.cerebromente.org.br/n11/mente/eisntein/rats-p.html